Artigo Científico

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL: BOAS PRÁTICAS E DESAFIOS Volume 5. Número 1. 2025 e-ISSN 2764-4006 DOI 1055703 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL: BOAS PRÁTICAS E DESAFIOS

Nursing Care In Prenatal Care: Best Practices And Challenges

 


Endereço correspondente: 

Publicação: 30/05/2025

DOI: 10.55703/27644006050112

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RESUMO

Objetivo: Investigar as boas práticas e os principais desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem na assistência pré-natal. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada nas bases PubMed, SciELO, LILACS e BDENF, incluindo estudos publicados entre 2010 e 2025, nos idiomas português, inglês e espanhol. A busca utilizou descritores controlados como “cuidados pré-natais”, “enfermagem”, “atenção primária à saúde”, “boas práticas” e “desafios”. Foram selecionados 40 artigos após aplicação de critérios de inclusão e exclusão. Resultados: As principais boas práticas identificadas foram: educação em saúde, escuta qualificada, promoção do aleitamento materno, realização de grupos de gestantes, abordagem humanizada de situações de vulnerabilidade e inclusão do parceiro. Os desafios mais frequentes foram: sobrecarga de trabalho, falta de recursos materiais, ausência de protocolos clínicos padronizados, despreparo para lidar com temas complexos e desvalorização da autonomia da enfermagem. Conclusão: A assistência de enfermagem no pré-natal é essencial para a qualidade do cuidado materno-infantil. No entanto, para que as boas práticas sejam plenamente implementadas, é necessário enfrentar barreiras institucionais, formativas e estruturais por meio de políticas públicas que valorizem e fortaleçam a atuação da enfermagem.

Palavras-chave: Cuidados pré-natais; Enfermagem; Boas práticas; Atenção primária à saúde; Desafios profissionais.

 

ABSTRACT

Objective: To investigate the best practices and main challenges faced by nursing professionals in prenatal care. Method: This is an integrative literature review conducted in the PubMed, SciELO, LILACS and BDENF databases, including studies published from 2010 to 2025 in Portuguese, English, and Spanish. The search strategy used controlled descriptors such as “prenatal care,” “nursing,” “primary health care,” “best practices,” and “challenges.” A total of 40 articles were selected after applying inclusion and exclusion criteria. Results: The main best practices identified were: health education, qualified listening, promotion of breastfeeding, implementation of pregnant women groups, humanized approach in vulnerable situations, and inclusion of the partner. The most frequent challenges were: work overload, lack of material resources, absence of standardized clinical protocols, lack of training to address complex topics, and undervaluation of nursing autonomy. Conclusion: Nursing care in the prenatal period is essential for maternal and infant health. However, to fully implement best practices, it is necessary to overcome institutional, educational, and structural barriers through public policies that value and strengthen nursing practice.

Keywords: Prenatal care; Nursing; Best practices; Primary health care; Professional challenges.

 

INTRODUÇÃO

A atenção ao pré-natal constitui-se em uma das mais importantes estratégias de promoção da saúde materno-infantil, sendo determinante para a redução da morbimortalidade evitável e para a detecção precoce de condições adversas que possam comprometer o bem-estar da gestante e do concepto. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que o acompanhamento gestacional deve ser iniciado preferencialmente até a 12ª semana, com, no mínimo, oito consultas ao longo da gravidez, acompanhadas de intervenções de natureza educativa, clínica e psicossocial que respeitem os princípios da equidade e da integralidade do cuidado [1].

No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e das diretrizes da Rede Cegonha, propõe que o acompanhamento pré-natal seja realizado, sempre que possível, por equipe multiprofissional, com papel central do enfermeiro no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) [2]. O enfermeiro assume responsabilidades que vão desde a triagem de riscos obstétricos até a realização de ações educativas, prescrição de medicamentos do protocolo básico e solicitação de exames laboratoriais, conforme preconizado pela legislação e pelos protocolos clínicos estabelecidos [3,4].

Diversos estudos apontam que a presença do enfermeiro nas unidades básicas de saúde tem se consolidado como um fator de qualificação da assistência pré-natal, principalmente por meio da adoção de boas práticas baseadas na humanização, no acolhimento e na escuta ativa [5–7]. Práticas como a realização de atividades educativas em grupo, a abordagem das síndromes hipertensivas gestacionais, o incentivo à participação do parceiro e a promoção do aleitamento materno são ações frequentemente realizadas pelos enfermeiros e reconhecidas por sua efetividade clínica e social [4,8–11].

A atuação educativa do enfermeiro é especialmente valorizada no pré-natal, pois permite o empoderamento das gestantes no que se refere ao conhecimento dos direitos, ao reconhecimento dos sinais de risco e à preparação para o parto e o puerpério. Iniciativas que incorporam a pedagogia freireana, por exemplo, demonstram resultados positivos no fortalecimento da autonomia das mulheres e na ressignificação do parto como um evento natural e protagonizado pela parturiente [12–14].

Apesar dos avanços e do reconhecimento legal da atuação do enfermeiro no pré-natal, desafios persistem e comprometem a efetividade da assistência. A literatura nacional aponta, de forma recorrente, barreiras como a sobrecarga de trabalho, a ausência de infraestrutura adequada nas unidades de saúde, a escassez de tempo para ações educativas e o despreparo para lidar com situações complexas, como gravidez na adolescência ou gestantes vivendo com HIV [3,6,15–18]. A resistência de alguns profissionais médicos à atuação autônoma da enfermagem e a inexistência de protocolos padronizados em determinadas regiões também constituem entraves significativos à consolidação de um modelo de cuidado multiprofissional e colaborativo [19–21].

Além disso, o acolhimento de populações em situação de vulnerabilidade social exige sensibilidade e capacitação por parte dos enfermeiros, especialmente quando se trata de adolescentes, mulheres vítimas de violência, gestantes com comorbidades ou residentes em áreas rurais e indígenas [22,23]. A literatura revela que o cuidado prestado a esses grupos ainda é marcado por desigualdades no acesso, fragilidade nos vínculos e práticas que, muitas vezes, desconsideram a diversidade cultural e subjetiva das usuárias [24–26].

Outro aspecto relevante diz respeito à inclusão do parceiro no processo de cuidado. Embora preconizada pelas políticas públicas como estratégia de fortalecimento da parentalidade responsável, a participação masculina no pré-natal ainda é pontual e enfrenta barreiras institucionais, culturais e estruturais [7,27]. Ações voltadas ao acolhimento do pai durante as consultas e atividades educativas têm demonstrado potencial para melhorar os indicadores de saúde perinatal, mas dependem da sensibilização e preparo da equipe de enfermagem [28].

A implementação das boas práticas obstétricas e das diretrizes de atenção humanizada ao pré-natal requer, portanto, mais do que conhecimento técnico: exige articulação política, investimento em formação permanente, estrutura adequada de trabalho e, sobretudo, comprometimento ético com o cuidado centrado na mulher [29–31]. A consolidação dessas práticas no cotidiano dos serviços de saúde depende da superação dos desafios identificados na literatura e da valorização do papel da enfermagem como agente de transformação social [32–34].

Nesse contexto, torna-se necessário reunir as evidências científicas mais atuais que permitam compreender, de forma ampla e sistematizada, como a enfermagem tem atuado no pré-natal e quais são as condições que favorecem ou dificultam a adoção das boas práticas nesse campo. Assim, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura científica sobre a assistência de enfermagem no pré-natal, identificando as boas práticas e os principais desafios enfrentados pelos profissionais no cuidado à gestante.

 

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, método amplamente utilizado nas ciências da saúde por possibilitar a síntese abrangente de evidências disponíveis sobre determinada temática, permitindo tanto a análise de estudos com diferentes delineamentos quanto a identificação de lacunas do conhecimento. A revisão integrativa foi conduzida conforme as etapas propostas por Whittemore e Knafl, que incluem: formulação da questão de pesquisa, definição dos critérios de inclusão e exclusão, busca nas bases de dados, extração dos dados, avaliação crítica dos estudos selecionados, análise e síntese dos resultados.

A questão norteadora do presente estudo foi elaborada com base na estratégia PICO, adaptada para revisões de natureza qualitativa: “Quais são as boas práticas e os principais desafios da assistência de enfermagem no pré-natal?”. Para responder a essa questão, foram definidas as seguintes bases de dados eletrônicas para busca dos artigos: PubMed, SciELO, LILACS e BDENF, selecionadas por sua relevância e cobertura na área da saúde e enfermagem.

A estratégia de busca combinou descritores controlados (DeCS/MeSH) e palavras-chave livres, visando abranger de forma ampla os estudos relacionados ao tema. Os principais termos utilizados foram: “cuidados pré-natais”, “enfermagem”, “atenção primária à saúde”, “boas práticas”, “desafios”, “gestantes” e “assistência de enfermagem no pré-natal”. As buscas foram realizadas no período de abril a maio de 2025.

Foram incluídos na revisão artigos científicos originais, revisões integrativas, relatos de experiência e estudos qualitativos ou quantitativos publicados no período de 2010 a 2025, nos idiomas português, inglês ou espanhol, que abordassem, de forma direta, a atuação da enfermagem no acompanhamento do pré-natal, seja em contextos de risco habitual ou de alto risco. Excluíram-se estudos duplicados, dissertações e teses, artigos com foco exclusivo na atuação médica ou em outros níveis de atenção que não o pré-natal, além de estudos indisponíveis na íntegra.

Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram identificados 277 estudos nas bases de dados. Após leitura dos títulos e resumos, 178 artigos foram selecionados para leitura na íntegra. Destes, 40 artigos preencheram todos os critérios estabelecidos e foram incluídos na análise final. Os dados extraídos de cada estudo incluíram: autor, ano de publicação, tipo de estudo, local da pesquisa, objetivos, principais achados relacionados às boas práticas e aos desafios na assistência de enfermagem no pré-natal.

Para a síntese dos dados, foi realizada uma análise temática e descritiva das informações extraídas dos artigos, organizando os resultados em categorias analíticas que refletissem as principais boas práticas adotadas pelos enfermeiros e os principais desafios enfrentados no contexto do pré-natal. A apresentação dos resultados ocorre em formato narrativo e tabular, visando facilitar a compreensão dos achados e contribuir para a aplicabilidade dos resultados na prática profissional e na formulação de políticas públicas.

A presente revisão não envolve experimentação com seres humanos, dispensando, portanto, submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Ressalta-se, contudo, o compromisso com a integridade acadêmica e com a fidedignidade das fontes utilizadas.

 

RESULTADOS

A presente revisão integrativa analisou 40 estudos publicados entre 2010 e 2025, com enfoque na atuação da enfermagem no cuidado pré-natal, considerando as boas práticas adotadas e os principais desafios enfrentados na assistência. A maioria dos estudos foi realizada em território brasileiro, com destaque para publicações vinculadas à Atenção Primária à Saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família.

Em relação às boas práticas identificadas, observou-se que a educação em saúde e o acolhimento qualificado foram elementos centrais na atuação dos enfermeiros durante o pré-natal. A escuta ativa, o vínculo estabelecido com a gestante e a valorização do protagonismo feminino foram frequentemente descritos como estratégias facilitadoras do cuidado humanizado [1–4]. Práticas como a realização de rodas de conversa, grupos de gestantes, orientações sobre o aleitamento materno, saúde sexual e reprodutiva, bem como a participação do parceiro no acompanhamento gestacional, também foram amplamente valorizadas na literatura [5–9].

Entre os exemplos de iniciativas exitosas, destacam-se as ações educativas voltadas à prevenção de síndromes hipertensivas, ao reconhecimento de sinais de risco e à preparação para o parto e o puerpério [10–13]. Adicionalmente, diversos autores apontaram a importância da incorporação de referenciais pedagógicos, como o de Paulo Freire, para o fortalecimento da autonomia das mulheres e ressignificação da vivência do parto [14–16].

Contudo, os estudos também revelaram desafios significativos que comprometem a efetividade da assistência de enfermagem no pré-natal. A sobrecarga de trabalho, a escassez de tempo para atividades educativas, a ausência de infraestrutura adequada nas unidades básicas de saúde e a fragmentação das ações entre os membros da equipe multiprofissional foram os aspectos mais recorrentes [17–21].

Outras dificuldades relatadas incluem a falta de protocolos clínicos padronizados, a baixa valorização da atuação do enfermeiro por gestores e colegas médicos, e a carência de capacitação continuada para lidar com situações específicas, como gravidez na adolescência, HIV positivo e violência obstétrica [22–27]. A participação do parceiro, embora incentivada pelas diretrizes nacionais, ainda é limitada em muitos contextos, devido a barreiras culturais e organizacionais [28–30].

A Tabela 1 a seguir sintetiza as boas práticas e os desafios mais frequentemente citados nos artigos incluídos, com base na análise das unidades temáticas extraídas da literatura.

Tabela 1. Principais boas práticas e desafios da enfermagem no pré-natal (2010–2025)

Boas Práticas Mais Citadas Frequência Desafios Mais Citados Frequência
Conscientização sobre violência obstétrica 2 Falta de continuidade 2
Educação em saúde, escuta qualificada 1 Ênfase limitada em promoção 1
Orientações focadas no parto 1 Sobrecarga e foco restrito 1
Humanização e continuidade do cuidado 1 Falta de capacitação 1
Rodas de conversa sobre hipertensão 1 Carência de materiais educativos 1
Protocolo de cuidados obstétricos 1 Resistência a protocolos 1
Abordagem humanizada em HIV 1 Preconceito e sigilo 1
Inclusão do parceiro no pré-natal 1 Falta de adesão do parceiro 1
Atenção específica a adolescentes 1 Estigma e comunicação difícil 1
Práticas baseadas em evidência 1 Infraestrutura deficiente 1

A diversidade de abordagens identificadas nos estudos demonstra a riqueza e complexidade do trabalho da enfermagem no cuidado à gestante. Apesar das dificuldades enfrentadas, as experiências relatadas evidenciam o potencial transformador da prática de enfermagem quando orientada por princípios éticos, técnicos e pedagógicos consistentes.

Dessa forma, os resultados desta revisão apontam para a necessidade de políticas públicas que fortaleçam a autonomia da enfermagem, garantam condições adequadas de trabalho e valorizem o cuidado como prática relacional e humanizada. A superação dos desafios identificados requer ações integradas que envolvam formação profissional, apoio institucional e reconhecimento político da importância da enfermagem no pré-natal.

 

DISCUSSÃO

Os achados desta revisão integrativa evidenciam a complexidade da assistência de enfermagem no pré-natal e a coexistência de boas práticas consolidadas com desafios estruturais e institucionais persistentes. Ao analisar os estudos, observa-se que a atuação da enfermagem, quando realizada de forma ética, técnica e humanizada, tem potencial de transformar a experiência gestacional, promover o empoderamento das mulheres e contribuir significativamente para a redução de riscos obstétricos e neonatais [1,4,6].

Entre as principais boas práticas identificadas, destaca-se a centralidade da educação em saúde como ferramenta de cuidado e transformação. As ações educativas, quando conduzidas com escuta ativa e baseadas na realidade das gestantes, favorecem o protagonismo feminino, aumentam a adesão ao pré-natal e fortalecem o vínculo entre usuária e equipe [2,5,14]. Autores como Baggio et al. [1] e Silva et al. [7] apontam que a escuta qualificada e o acolhimento constituem práticas fundamentais para a criação de ambientes seguros e respeitosos.

Outro ponto positivo diz respeito à promoção do aleitamento materno e à utilização de atividades como rodas de conversa e grupos educativos, estratégias que favorecem a troca de saberes e o apoio social entre as gestantes [4,8,13]. Ainda que nem sempre estejam estruturadas de forma sistemática nos serviços, tais práticas demonstraram alto potencial de impacto na autonomia e na saúde da mulher.

A inclusão do parceiro no processo pré-natal, apesar de incipiente, foi identificada como uma ação promissora. Estudos como os de Silva et al. [7] e Passos et al. [23] destacam que a participação ativa dos homens nas consultas e nos grupos educativos contribui para a corresponsabilização pelo cuidado, reduz a sobrecarga emocional da gestante e melhora os desfechos perinatais.

No entanto, os desafios relatados nos estudos são expressivos e, muitas vezes, se sobrepõem às iniciativas positivas. A sobrecarga de trabalho, citada em diversos estudos [2,17,21], limita a capacidade de os profissionais realizarem um atendimento integral, com tempo adequado para escuta e educação em saúde. Além disso, a infraestrutura inadequada, a ausência de insumos básicos e a fragmentação do cuidado entre diferentes níveis de atenção dificultam o seguimento contínuo da gestante [9,18,29].

A formação insuficiente para lidar com situações complexas, como a gravidez na adolescência, o HIV e a violência obstétrica, foi outro fator de destaque. Estudos indicam que enfermeiros se sentem despreparados para abordar essas questões, principalmente quando não contam com suporte institucional ou recursos de educação permanente [6,15,19].

A desvalorização da atuação da enfermagem por parte de gestores e outros profissionais da saúde também se revelou como um entrave à consolidação das boas práticas. Muitos enfermeiros relataram resistência por parte de médicos no reconhecimento de sua autonomia clínica, especialmente em regiões onde o modelo biomédico ainda predomina [3,20,27]. Essa realidade contribui para a invisibilidade das contribuições da enfermagem e para a perpetuação de práticas hierarquizadas.

Importante ainda ressaltar a falta de protocolos clínicos unificados e a ausência de monitoramento dos indicadores de qualidade do pré-natal conduzido por enfermeiros, o que compromete tanto a segurança da assistência quanto a capacidade de avaliação dos resultados [5,10,30].

Apesar dos desafios, os estudos incluídos apontam para um consenso: a atuação da enfermagem é indispensável para a ampliação do acesso, para o cuidado centrado na gestante e para a humanização do pré-natal. A literatura analisada sugere que, quando os profissionais têm apoio institucional, capacitação contínua e condições adequadas de trabalho, os desfechos são significativamente mais positivos, tanto para as gestantes quanto para os recém-nascidos [1,4,28].

Dessa forma, os achados desta revisão reforçam a necessidade de investimentos em políticas públicas que valorizem o trabalho da enfermagem, promovam a formação crítica e incentivem a adoção de modelos de cuidado centrados na integralidade, na equidade e no respeito aos direitos sexuais e reprodutivos.

 

CONCLUSÃO

A presente revisão integrativa permitiu reunir e analisar criticamente as evidências científicas disponíveis sobre a atuação da enfermagem na assistência pré-natal, com foco nas boas práticas implementadas e nos desafios enfrentados pelos profissionais da área. Os 40 estudos incluídos evidenciam que a enfermagem exerce um papel essencial na promoção da saúde materno-infantil, destacando-se pelo acolhimento, escuta ativa, educação em saúde e fortalecimento do vínculo com as gestantes.

Entre as principais boas práticas identificadas estão a realização de atividades educativas, o incentivo à autonomia das gestantes, a promoção do aleitamento materno, a abordagem humanizada em situações complexas e a inclusão do parceiro nas ações de cuidado. Tais práticas demonstram a capacidade da enfermagem de transformar a experiência do pré-natal em um processo participativo, respeitoso e centrado na mulher.

Por outro lado, a revisão também revelou desafios relevantes, como a sobrecarga de trabalho, a carência de recursos estruturais, a ausência de protocolos clínicos padronizados, a formação limitada para lidar com populações específicas e a desvalorização da autonomia profissional da enfermagem. Esses obstáculos comprometem a qualidade da assistência e limitam a eficácia das intervenções propostas pelos enfermeiros nos serviços de atenção primária.

Diante desses achados, conclui-se que é urgente o fortalecimento de políticas públicas e institucionais que garantam condições adequadas de trabalho, promovam a formação continuada dos profissionais e reconheçam a importância da enfermagem no cuidado pré-natal. Além disso, destaca-se a necessidade de maior integração entre os membros da equipe de saúde, adoção de protocolos baseados em evidências e criação de estratégias de apoio à atuação dos enfermeiros em contextos adversos.

Por fim, esta revisão contribui para ampliar a compreensão sobre o panorama atual da assistência de enfermagem no pré-natal e serve como subsídio para gestores, educadores e profissionais interessados em qualificar o cuidado prestado às gestantes, fortalecendo os princípios da humanização, da equidade e da integralidade no Sistema Único de Saúde.

 

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