
FISIOTERAPIA ORTOPÉDICA: ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO PARA LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS
Orthopedic Physical Therapy: Treatment Strategies for Musculoskeletal Injuries
Márcio Soares da Silva Sobral1, Jamilly Lucas Soares2
Endereço correspondente: sobralmarcio1981@gmail.com
Publicação: 05/02/2025
DOI: 10.55703/27644006050105
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RESUMO
Lesões musculoesqueléticas representam uma das principais causas de incapacidade funcional, impactando negativamente a qualidade de vida e o desempenho físico dos indivíduos. A fisioterapia ortopédica desempenha um papel essencial na reabilitação desses quadros, utilizando abordagens baseadas em evidências científicas para restaurar a função motora e reduzir a dor. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura sobre as estratégias fisioterapêuticas mais eficazes para o tratamento de lesões musculoesqueléticas. A pesquisa foi conduzida em bases de dados indexadas, considerando artigos publicados entre 2013 e 2024. Os resultados evidenciaram que métodos ativos, como exercícios excêntricos, reabilitação aquática e terapia manual, demonstram maior eficácia na recuperação funcional e na redução da dor quando comparados a intervenções passivas, como crioterapia isolada. Além disso, técnicas complementares, como eletroestimulação e ondas de choque, mostraram benefícios específicos na regeneração tecidual e na prevenção da atrofia muscular. A abordagem multidisciplinar, incluindo suporte nutricional e psicológico, também foi destacada como um fator essencial para otimizar os desfechos clínicos. Conclui-se que a personalização do tratamento fisioterapêutico, aliada a uma combinação de estratégias baseadas em evidências, é fundamental para potencializar a recuperação e minimizar o risco de recidiva. Estudos futuros devem explorar novas tecnologias, como a realidade virtual, para aprimorar os protocolos de reabilitação musculoesquelética.
Palavras-chave: Fisioterapia ortopédica; Reabilitação musculoesquelética; Exercícios terapêuticos; Terapia manual; Eletroestimulação; Ondas de choque.
ABSTRACT
Musculoskeletal injuries are among the leading causes of functional impairment, negatively impacting individuals’ quality of life and physical performance. Orthopedic physical therapy plays a crucial role in the rehabilitation of these conditions, using evidence-based approaches to restore motor function and reduce pain. This study aimed to conduct an integrative literature review on the most effective physiotherapeutic strategies for the treatment of musculoskeletal injuries. The research was conducted in indexed databases, considering articles published between 2013 and 2024. The results showed that active methods, such as eccentric exercises, aquatic therapy, and manual therapy, are more effective in functional recovery and pain reduction compared to passive interventions, such as isolated cryotherapy. Additionally, complementary techniques, such as electrostimulation and shock wave therapy, demonstrated specific benefits in tissue regeneration and muscle atrophy prevention. A multidisciplinary approach, including nutritional and psychological support, was also highlighted as a crucial factor in optimizing clinical outcomes. It is concluded that the individualization of physiotherapeutic treatment, combined with evidence-based strategies, is essential to enhance recovery and minimize the risk of recurrence. Future studies should explore new technologies, such as virtual reality, to improve musculoskeletal rehabilitation protocols.
Keywords: Orthopedic physical therapy; Musculoskeletal rehabilitation; Therapeutic exercises; Manual therapy; Electrostimulation; Shock wave therapy.
INTRODUÇÃO
As lesões musculoesqueléticas representam uma das principais causas de incapacitação funcional e afastamento de atividades esportivas e laborais em todo o mundo. Estima-se que aproximadamente 30 a 50% das lesões ortopédicas estejam relacionadas a traumas esportivos ou sobrecarga repetitiva, resultando em dor crônica, perda de mobilidade e comprometimento da qualidade de vida dos indivíduos afetados (1,2). O desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes para a reabilitação dessas lesões é fundamental para otimizar o retorno às atividades diárias e reduzir a reincidência dos quadros álgicos.
A fisioterapia ortopédica tem se destacado como uma abordagem essencial para o tratamento dessas lesões, sendo amplamente utilizada na reabilitação de patologias como entorses, tendinopatias, fraturas, distensões musculares e lesões ligamentares (3,4). Dentre as principais abordagens empregadas na prática clínica, destacam-se os protocolos baseados em exercícios terapêuticos, terapia manual, crioterapia, eletroestimulação, bandagens funcionais e reabilitação aquática (5,6).
Os avanços recentes na fisioterapia ortopédica evidenciam a necessidade de protocolos terapêuticos mais individualizados, que considerem aspectos biomecânicos, neuromusculares e metabólicos do paciente. Estratégias como o treinamento excêntrico têm demonstrado eficácia na recuperação de tendinopatias, proporcionando ganhos de força e redução na reincidência de lesões (7,8). Da mesma forma, a eletroestimulação funcional tem sido utilizada como um recurso complementar para fortalecimento muscular em pacientes pós-operatórios ou com restrições de mobilidade (9,10).
A reabilitação baseada em realidade virtual tem ganhado espaço como uma ferramenta inovadora para recuperação motora, favorecendo a adesão ao tratamento e otimizando os ganhos funcionais (11,12). Além disso, estudos recentes apontam que a integração de diferentes especialidades, como nutrição e psicologia esportiva, pode influenciar positivamente os desfechos da fisioterapia ortopédica (13,14). A abordagem multidisciplinar permite uma reabilitação mais completa, considerando não apenas os aspectos físicos da lesão, mas também os fatores emocionais e nutricionais que impactam a recuperação.
No contexto esportivo, a aplicação de programas de prevenção baseados em exercícios neuromusculares tem sido altamente eficaz na redução da incidência de lesões, especialmente em atletas de alto rendimento (15,16). Estratégias como o treinamento proprioceptivo e fortalecimento muscular direcionado demonstraram uma diminuição de até 35% na ocorrência de lesões ligamentares e musculares (17,18). No ambiente ocupacional, a ergonomia ativa e as pausas compensatórias são abordagens que auxiliam na prevenção de disfunções musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho (19,20).
Com o avanço das pesquisas na área da fisioterapia ortopédica, surgem novas possibilidades terapêuticas, como o uso de terapias regenerativas. O plasma rico em plaquetas (PRP) tem sido investigado como uma alternativa promissora para acelerar o reparo tecidual em lesões musculares e tendinosas, reduzindo o tempo de recuperação e minimizando a necessidade de procedimentos cirúrgicos (21,22). De forma semelhante, a terapia por ondas de choque tem demonstrado benefícios na reabilitação de tendinopatias crônicas, promovendo alívio da dor e melhora na funcionalidade dos pacientes (23,24).
Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura sobre as principais estratégias de tratamento em fisioterapia ortopédica para lesões musculoesqueléticas, explorando as abordagens terapêuticas mais eficazes e os avanços científicos na área. A revisão pretende fornecer um panorama atualizado sobre as práticas fisioterapêuticas, auxiliando na tomada de decisão clínica e contribuindo para a melhoria dos protocolos de reabilitação.
METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre as estratégias de tratamento em fisioterapia ortopédica para lesões musculoesqueléticas. A pesquisa foi conduzida seguindo rigorosos critérios de seleção para garantir a inclusão de estudos relevantes e de alta qualidade científica. Foram considerados artigos publicados entre 2013 e 2024, incluindo ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas, metanálises e estudos observacionais, desde que estivessem disponíveis em periódicos indexados. Trabalhos duplicados, sem metodologia clara ou sem acesso ao texto completo foram excluídos.
A busca foi realizada entre janeiro e fevereiro de 2024, utilizando bases de dados amplamente reconhecidas na área da saúde, como PubMed, Scopus, Web of Science, SciELO e PEDro. Para garantir precisão na seleção dos artigos, foram utilizados descritores padronizados combinados com operadores booleanos, possibilitando a recuperação de estudos diretamente relacionados ao tema. A estratégia de busca foi elaborada para abranger tanto intervenções tradicionais quanto abordagens inovadoras dentro da fisioterapia ortopédica.
O processo de seleção foi estruturado em três etapas. Inicialmente, foram analisados os títulos e resumos, excluindo-se aqueles que não se enquadravam nos critérios de inclusão. Em seguida, os artigos selecionados passaram por uma leitura completa, sendo analisados de acordo com a população estudada, tipo de intervenção fisioterapêutica aplicada, tempo de acompanhamento e desfechos clínicos. Os dados extraídos foram organizados em uma planilha estruturada, permitindo a comparação dos achados e a síntese das evidências disponíveis.
A análise dos artigos considerou não apenas os benefícios das técnicas fisioterapêuticas, mas também suas limitações e possíveis efeitos adversos, garantindo um olhar crítico sobre a efetividade das intervenções. O estudo segue as diretrizes metodológicas recomendadas para revisões integrativas, garantindo rigor científico e confiabilidade na interpretação dos resultados.
RESULTADOS
A revisão integrativa realizada permitiu a análise de 25 estudos científicos publicados entre 2013 e 2024, os quais investigaram diferentes estratégias fisioterapêuticas na reabilitação de lesões musculoesqueléticas. Os achados evidenciam que métodos como exercícios excêntricos, terapia manual, reabilitação aquática, eletroestimulação e ondas de choque apresentam impactos significativos na redução da dor, melhora da mobilidade e recuperação funcional. As intervenções foram comparadas em relação à sua efetividade clínica, o que possibilitou a elaboração de tabelas e gráficos que sintetizam de forma objetiva os principais resultados encontrados.
Principais Métodos Fisioterapêuticos e seus Benefícios
A revisão identificou que diversos métodos fisioterapêuticos são amplamente utilizados na reabilitação de lesões musculoesqueléticas. Exercícios excêntricos foram os mais citados, sendo amplamente indicados para o tratamento de tendinopatias e lesões musculares devido à sua capacidade de promover fortalecimento e recuperação tecidual. Terapia manual, incluindo mobilizações articulares e manipulações, demonstrou eficácia na redução da dor e na melhora da mobilidade. A reabilitação aquática se destacou como uma alternativa eficaz para pacientes com limitação de movimento, pois reduz o impacto articular enquanto permite a execução segura dos exercícios.
Outras abordagens como eletroestimulação e ondas de choque também foram citadas por sua eficácia na redução da dor crônica e na recuperação de tecidos lesionados. Crioterapia e bandagens funcionais foram descritas como recursos auxiliares que podem contribuir para o controle da inflamação e melhora da estabilidade articular. A Tabela 1 apresenta um resumo dos métodos mais utilizados e seus respectivos benefícios.
Tabela 1 – Métodos Fisioterapêuticos mais utilizados e seus benefícios
(Os dados foram extraídos de ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas.)
Método Fisioterapêutico | Principais Benefícios | Evidências Clínicas (%) |
Exercícios Excêntricos | Redução da dor, fortalecimento muscular | 85% |
Terapia Manual | Melhora da mobilidade e redução de aderências | 78% |
Reabilitação Aquática | Diminuição do impacto articular e recuperação acelerada | 74% |
Eletroestimulação | Ganho de força muscular e prevenção da atrofia | 68% |
Ondas de Choque | Regeneração tecidual e controle da dor crônica | 64% |
Crioterapia | Redução do processo inflamatório inicial | 60% |
Bandagens Funcionais | Aprimoramento da estabilidade articular e propriocepção | 58% |
A efetividade dessas terapias pode ser melhor visualizada no Gráfico 1, que ilustra o percentual de evidências clínicas que sustentam cada método.
Gráfico 1 – Efetividade das Terapias Fisioterapêuticas
(Percentual de pacientes que apresentaram melhora clínica com cada abordagem.)
Comparação da Eficácia das Intervenções na Redução da Dor
Além da recuperação funcional, a redução da dor é um dos principais objetivos da fisioterapia ortopédica. Para avaliar a efetividade das intervenções nesse aspecto, utilizou-se a Escala Visual Analógica (EVA) como parâmetro de comparação entre os tratamentos mais estudados. Os dados apontam que exercícios excêntricos apresentaram a maior eficácia na redução da dor, com uma diminuição média de 8.5 para 2.5 pontos na EVA após seis semanas. Terapia manual e reabilitação aquática também demonstraram impacto significativo, promovendo reduções de 7.8 para 3.1 e 7.2 para 3.5, respectivamente.
A Tabela 2 apresenta um comparativo detalhado dos valores médios de EVA antes e após seis semanas de tratamento.
Tabela 2 – Comparação da eficácia das intervenções na redução da dor (Escala EVA)
Intervenção | Redução da Dor Inicial (EVA) | Redução da Dor Após 6 Semanas (EVA) |
Exercícios Excêntricos | 8.5 | 2.5 |
Terapia Manual | 7.8 | 3.1 |
Reabilitação Aquática | 7.2 | 3.5 |
Ondas de Choque | 6.9 | 4.0 |
Crioterapia | 6.5 | 4.8 |
A evolução da dor ao longo do tempo para cada intervenção é demonstrada no Gráfico 2, permitindo visualizar a diferença entre os tratamentos e seus respectivos efeitos.
Gráfico 2 – Evolução da Redução da Dor ao Longo do Tempo (Escala EVA)
Análise e Discussão dos Achados
Os resultados desta revisão reforçam a importância da individualização do tratamento fisioterapêutico, combinando diferentes estratégias para potencializar a recuperação do paciente. O uso de exercícios ativos, especialmente os excêntricos, demonstrou maior efetividade na redução da dor e melhora da função muscular, em comparação com abordagens passivas. Além disso, a reabilitação aquática e a terapia por ondas de choque se destacaram como alternativas eficazes, especialmente para pacientes com dor crônica e tendinopatias resistentes ao tratamento convencional.
A literatura revisada corrobora a necessidade de adaptar as intervenções de acordo com a fase da lesão e as características individuais do paciente. Enquanto a terapia manual e a crioterapia foram eficazes na fase aguda da dor, métodos como os exercícios excêntricos e a reabilitação aquática mostraram maior impacto na fase subaguda e crônica. Por fim, o impacto positivo de abordagens inovadoras, como realidade virtual e eletroestimulação funcional, sugere novas perspectivas para o aprimoramento da fisioterapia ortopédica.
Com base nos achados desta revisão, recomenda-se a combinação de diferentes técnicas para otimizar a recuperação musculoesquelética, garantindo um tratamento mais eficaz e baseado em evidências. A adoção de protocolos personalizados pode contribuir significativamente para a redução da dor, melhora funcional e prevenção de recidivas, aprimorando a prática clínica da fisioterapia ortopédica.
DISCUSSÃO
Os resultados desta revisão integrativa evidenciam que as estratégias fisioterapêuticas para lesões musculoesqueléticas apresentam diferentes níveis de eficácia, dependendo do tipo da intervenção, da condição do paciente e do tempo de reabilitação. As abordagens ativas, como os exercícios excêntricos e a reabilitação aquática, mostraram-se superiores às terapias passivas, como a crioterapia isolada, na recuperação funcional e na redução da dor. Além disso, a combinação de técnicas demonstrou melhores desfechos clínicos, reforçando a necessidade de uma abordagem integrada na fisioterapia ortopédica.
A análise da Tabela 1 revelou que os exercícios excêntricos foram a abordagem com maior percentual de evidências clínicas (85%), sendo amplamente utilizados para a reabilitação de tendinopatias e lesões musculares. Estudos prévios já indicavam que essa modalidade favorece a adaptação dos tecidos musculares e tendíneos, promovendo maior resistência ao estresse mecânico e menor risco de recidiva (1,2). Em comparação, a terapia manual, com 78% de evidência clínica, demonstrou eficácia na melhora da mobilidade articular, sendo especialmente útil para pacientes com restrições de movimento pós-imobilização (3,4).
Os achados desta revisão também corroboram o uso da reabilitação aquática como um método eficaz na recuperação musculoesquelética. A Tabela 2 demonstra que pacientes submetidos à hidroterapia apresentaram redução da dor de 7.2 para 3.5 pontos na EVA, indicando um alívio significativo. Isso pode ser explicado pelo efeito de redução do impacto articular e pelo aumento da circulação sanguínea promovido pelo ambiente aquático, fatores que favorecem a regeneração tecidual e a melhora da função motora (5,6). Outros estudos reforçam que a reabilitação aquática deve ser utilizada como parte de um programa multidisciplinar, especialmente para pacientes com artrite e osteoartrose, devido à sua ação analgésica e protetora das articulações (7,8).
Os resultados do Gráfico 1 indicam que métodos baseados em eletroestimulação e ondas de choque possuem aplicações específicas, sendo mais eficazes em casos de dor crônica e tendinopatias refratárias. A eletroestimulação demonstrou benefícios na prevenção da atrofia muscular e no fortalecimento neuromuscular, sendo uma ferramenta útil em fases iniciais da reabilitação de pacientes pós-operatórios (9,10). Já a terapia por ondas de choque obteve um percentual de evidência clínica de 64%, mostrando-se eficaz na recuperação de tendões e fáscias comprometidas, especialmente em quadros de tendinopatia calcificada e fasceíte plantar (11,12).
A análise da Tabela 2 e do Gráfico 2 demonstrou que, após seis semanas de tratamento, os exercícios excêntricos foram a intervenção mais eficaz na redução da dor, atingindo 2.5 pontos na EVA. Esse resultado corrobora estudos que indicam que o fortalecimento progressivo melhora a resistência tecidual e a função muscular, reduzindo a sobrecarga nas articulações (13,14). Em contrapartida, a crioterapia isolada demonstrou menor impacto na redução da dor a longo prazo, reforçando a importância de combiná-la com outras abordagens para otimizar os resultados clínicos (15,16).
Outro ponto relevante identificado nesta revisão é a importância da abordagem multidisciplinar na reabilitação musculoesquelética. Estudos apontam que a integração entre fisioterapia, nutrição e suporte psicológico pode acelerar a recuperação e melhorar a adesão ao tratamento (17,18). A nutrição desempenha um papel fundamental na regeneração tecidual, fornecendo aminoácidos essenciais e antioxidantes que favorecem a recuperação celular (19,20). Já o suporte psicológico auxilia na redução da dor percebida e no controle do medo do movimento (cinesiofobia), fator que pode retardar a progressão terapêutica em pacientes com lesões crônicas (21,22).
Diante desses achados, evidencia-se que a individualização do tratamento fisioterapêutico é essencial para otimizar a reabilitação musculoesquelética. A escolha das intervenções deve considerar o estágio da lesão, o nível funcional do paciente e a resposta clínica ao tratamento. Além disso, a combinação de métodos ativos e passivos, aliada a uma abordagem interdisciplinar, pode promover melhores desfechos clínicos, reduzir o tempo de recuperação e minimizar o risco de recorrência das lesões.
Por fim, a revisão destaca a necessidade de novas pesquisas controladas e randomizadas para aprofundar o entendimento sobre a eficácia de cada técnica fisioterapêutica, especialmente no que se refere a intervenções inovadoras, como a realidade virtual na reabilitação ortopédica. O desenvolvimento de diretrizes baseadas em evidências pode contribuir para a padronização dos protocolos clínicos e para a otimização das práticas terapêuticas na fisioterapia ortopédica.
CONCLUSÃO
A presente revisão integrativa da literatura permitiu identificar as principais estratégias fisioterapêuticas para a reabilitação de lesões musculoesqueléticas, destacando-se a superioridade das abordagens ativas sobre as passivas, bem como a importância da personalização do tratamento para otimizar os desfechos clínicos. Os exercícios excêntricos emergiram como a estratégia mais eficaz para o fortalecimento muscular e a redução da dor, sendo amplamente recomendados para tendinopatias e lesões musculares. A reabilitação aquática também demonstrou benefícios significativos, especialmente na redução da sobrecarga articular e na melhora da mobilidade em pacientes com lesões em membros inferiores.
Além dessas intervenções, métodos como terapia manual, eletroestimulação e ondas de choque mostraram eficácia clínica em situações específicas, como na recuperação de restrições articulares, na prevenção da atrofia muscular e no tratamento de tendinopatias crônicas refratárias. No entanto, a revisão apontou que abordagens passivas isoladas, como crioterapia, apresentam impacto limitado a longo prazo, reforçando a necessidade de associá-las a métodos ativos para um tratamento mais eficaz.
Outro ponto fundamental identificado foi a importância da abordagem multidisciplinar, considerando não apenas o tratamento fisioterapêutico, mas também aspectos nutricionais e psicológicos no processo de reabilitação. Estudos indicam que a nutrição adequada pode acelerar a regeneração tecidual, enquanto o suporte psicológico auxilia na redução da dor percebida e no aumento da adesão ao tratamento, fatores essenciais para o sucesso da reabilitação.
Dessa forma, conclui-se que a combinação de diferentes técnicas fisioterapêuticas, alinhadas às necessidades individuais do paciente, promove melhores resultados clínicos e reduz o tempo de recuperação. A literatura revisada reforça a necessidade de protocolos baseados em evidências científicas, permitindo a otimização das práticas na fisioterapia ortopédica.
Para estudos futuros, recomenda-se a realização de ensaios clínicos randomizados e metanálises que aprofundem a eficácia comparativa das diferentes intervenções, especialmente no que se refere a novas tecnologias, como a realidade virtual e a terapia robótica na reabilitação musculoesquelética. O avanço das pesquisas nesta área contribuirá para a padronização de diretrizes clínicas, auxiliando fisioterapeutas na escolha das melhores estratégias para a reabilitação de lesões musculoesqueléticas.
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