
Patient-Centered Healthcare Service Management: Strategies for Personalization and Experience Improvement
Isla Costa Silva1, Francisca Joelma Rodrigues de Lima2, Inaiara Maireno Inacio Cardoso3, José Songlei da Silva Rocha4
Endereço correspondente: isla_costasilva@hotmail.com
Publicação: 28/02/2025
DOI: 10.55703/27644006050108
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RESUMO
Introdução: A gestão de serviços de saúde centrada no paciente tem se destacado como uma abordagem essencial para a melhoria da qualidade assistencial e personalização do atendimento. Essa abordagem visa integrar as necessidades e preferências dos pacientes na tomada de decisões, promovendo um atendimento mais humanizado e eficaz. Objetivo: Analisar estratégias de gestão de serviços de saúde centradas no paciente, identificando seus impactos na experiência do usuário e os desafios de sua implementação.Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada nas bases de dados PubMed/MEDLINE, Scopus, Web of Science, SciELO e LILACS. Foram selecionados artigos publicados entre 2015 e 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão envolveram estudos que abordassem diretamente a personalização do atendimento e a melhoria da experiência do paciente, sendo excluídos artigos sem metodologia clara ou indisponíveis na íntegra.Resultados: Os achados indicam que a implementação de tecnologias digitais, a adoção de prontuários eletrônicos, a educação em saúde e o atendimento multidisciplinar são estratégias eficazes para a personalização do cuidado. Além disso, a gestão centrada no paciente tem sido associada à melhoria da satisfação dos usuários, maior adesão ao tratamento e redução de internações desnecessárias. Entretanto, desafios como resistência profissional, limitações tecnológicas e escassez de recursos financeiros ainda dificultam sua implementação plena.Conclusão: A gestão de serviços de saúde centrada no paciente apresenta benefícios significativos para a qualidade assistencial, mas requer investimentos estruturais, capacitação profissional e mudanças culturais para sua adoção efetiva. Pesquisas futuras devem explorar estratégias que possam facilitar sua implementação em larga escala e garantir um sistema de saúde mais humanizado e eficiente.
Palavras-chave: Gestão em saúde; Cuidado centrado no paciente; Qualidade do atendimento; Personalização do cuidado; Experiência do paciente.
ABSTRACT
Introduction: Patient-centered health service management has emerged as a fundamental approach to improving care quality and personalizing patient experiences. This model integrates patients’ needs and preferences into decision-making processes, promoting more humane and effective healthcare services. Objective: To analyze patient-centered healthcare management strategies, assessing their impact on user experience and the challenges involved in their implementation. Method: This study is an integrative literature review conducted in the PubMed/MEDLINE, Scopus, Web of Science, SciELO, and LILACS databases. Articles published between 2015 and 2024 in Portuguese, English, and Spanish were selected. Inclusion criteria involved studies directly addressing personalized healthcare and patient experience improvement, while articles with unclear methodology or unavailable full text were excluded. Results: The findings indicate that implementing digital technologies, adopting electronic health records, promoting health education, and using a multidisciplinary approach are effective strategies for care personalization. Furthermore, patient-centered management has been linked to improved patient satisfaction, increased treatment adherence, and reduced unnecessary hospitalizations. However, challenges such as professional resistance, technological limitations, and financial constraints still hinder its full implementation. Conclusion: Patient-centered healthcare management offers significant benefits for care quality but requires structural investments, professional training, and cultural shifts for effective adoption. Future research should explore strategies to facilitate large-scale implementation, ensuring a more humane and efficient healthcare system.
Keywords: Health management; Patient-centered care; Quality of care; Personalized care; Patient experience.
INTRODUÇÃO
A gestão de serviços de saúde tem se tornado um dos principais desafios globais na busca pela melhoria da qualidade assistencial, eficiência operacional e satisfação dos pacientes. Com o crescimento das demandas por atendimento médico, impulsionado pelo envelhecimento populacional, pelo aumento da prevalência de doenças crônicas e pelos avanços tecnológicos, torna-se essencial reformular os modelos de gestão e assistência à saúde (1,2). Nesse contexto, a gestão centrada no paciente surge como um paradigma que propõe a reformulação da relação entre profissionais de saúde, gestores e usuários, colocando as necessidades individuais, preferências e expectativas dos pacientes no centro das decisões clínicas e administrativas (3).
Diferente dos modelos tradicionais de assistência, nos quais o paciente é frequentemente visto como um receptor passivo dos serviços de saúde, a abordagem centrada no paciente enfatiza a participação ativa do indivíduo em seu próprio cuidado. Essa perspectiva promove uma comunicação mais eficaz entre profissionais e pacientes, estimula a autonomia do usuário no processo terapêutico e possibilita a construção de um atendimento mais humanizado e personalizado (4,5). Estudos recentes demonstram que serviços de saúde organizados com base nesse modelo resultam em melhores desfechos clínicos, maior adesão aos tratamentos e redução dos custos hospitalares (6,7).
No entanto, a implementação de uma gestão efetivamente centrada no paciente ainda enfrenta múltiplos desafios estruturais e organizacionais. Entre os principais entraves, destacam-se a falta de integração entre os serviços de saúde, a fragmentação dos sistemas de informação, a resistência dos profissionais à adoção de novas práticas e a carência de políticas institucionais voltadas para a valorização da experiência do paciente (8,9). Além disso, a personalização do atendimento exige investimentos em capacitação profissional, adoção de tecnologias que permitam maior interoperabilidade dos dados clínicos e modelos de governança que incentivem a participação ativa do paciente e de seus familiares (10,11).
A crescente digitalização da saúde tem proporcionado avanços significativos nesse campo, permitindo a adoção de soluções tecnológicas voltadas para a personalização do cuidado. Ferramentas como prontuários eletrônicos integrados, inteligência artificial, telemedicina e plataformas de monitoramento remoto têm possibilitado um atendimento mais ágil e adaptado às necessidades individuais dos pacientes (12). Estudos indicam que a utilização dessas inovações pode reduzir tempo de espera, erros médicos e internações desnecessárias, aumentando a segurança e a satisfação dos usuários (13,14).
Além dos avanços tecnológicos, a mudança para um modelo de gestão centrado no paciente requer uma transformação cultural dentro das instituições de saúde. A adoção de práticas de escuta ativa, respeito às preferências individuais e estratégias que fortaleçam a relação de confiança entre pacientes e profissionais de saúde são aspectos fundamentais para garantir um atendimento mais eficaz e humanizado (15). Organizações que priorizam essas abordagens não apenas melhoram seus indicadores de qualidade assistencial, mas também promovem um ambiente mais colaborativo e sustentável para os profissionais de saúde (16).
Diante desse cenário, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a gestão de serviços de saúde centrada no paciente, explorando estratégias inovadoras, desafios e impactos na experiência do usuário. A pesquisa se propõe a reunir evidências científicas que possam subsidiar a implementação de modelos de gestão mais humanizados e eficientes, contribuindo para o aprimoramento dos serviços de saúde e para a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, busca-se identificar as melhores práticas adotadas internacionalmente e discutir como essas estratégias podem ser aplicadas no contexto brasileiro.
A relevância deste estudo se justifica pela necessidade crescente de transformar os serviços de saúde para torná-los mais eficientes, acessíveis e alinhados às expectativas dos pacientes. Ao consolidar o conhecimento disponível sobre o tema, este trabalho pretende contribuir com gestores, profissionais de saúde e formuladores de políticas públicas na criação de estratégias eficazes para a construção de um sistema de saúde mais equitativo e centrado no indivíduo.
METODOLOGIA
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, um método que permite reunir e analisar criticamente as evidências disponíveis sobre um tema específico, proporcionando uma síntese do conhecimento existente e identificando lacunas na literatura. Esse tipo de revisão é amplamente utilizado na área da saúde, pois possibilita a integração de resultados de diferentes estudos, contribuindo para a formulação de diretrizes e aprimoramento das práticas de gestão em serviços de saúde.
Para orientar a investigação, foi formulada a seguinte questão norteadora, baseada na estratégia PICO (População, Intervenção, Comparação e Desfecho): “Quais estratégias de gestão de serviços de saúde centradas no paciente têm sido implementadas para a personalização do atendimento e melhoria da experiência do usuário?”.
A busca sistemática foi realizada em bases de dados amplamente reconhecidas na área da saúde, incluindo PubMed/MEDLINE, Scopus, Web of Science, SciELO e LILACS. Foram utilizados descritores padronizados conforme vocabulários controlados, combinados por operadores booleanos para garantir maior precisão na recuperação dos estudos relevantes.
Foram selecionados artigos publicados no período de 2015 a 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão envolveram estudos que abordassem diretamente a gestão de serviços de saúde centrada no paciente, com foco na personalização do atendimento e na melhoria da experiência do usuário. Foram excluídos artigos que apresentassem apenas revisões narrativas sem metodologia bem definida, trabalhos que não contemplassem a temática proposta e estudos indisponíveis na íntegra.
Após a coleta dos estudos, os artigos foram analisados criticamente, considerando-se seus objetivos, metodologias, principais achados e contribuições para o campo da gestão de serviços de saúde. A revisão seguiu as diretrizes metodológicas para revisões integrativas, garantindo rigor na seleção, análise e interpretação dos dados, de modo a proporcionar um panorama abrangente e atualizado sobre as estratégias de gestão centrada no paciente.
RESULTADOS
A revisão integrativa realizada permitiu identificar e analisar um conjunto significativo de estratégias voltadas para a gestão de serviços de saúde centrada no paciente, bem como os principais desafios e impactos dessas abordagens na experiência dos usuários. Foram incluídos 20 artigos científicos publicados entre 2015 e 2024, conforme os critérios estabelecidos na metodologia. Os resultados foram organizados em três categorias principais: estratégias para personalização do atendimento, impactos na qualidade da experiência do paciente e desafios na implementação da gestão centrada no paciente.
- Estratégias para Personalização do Atendimento
Os estudos analisados apontam que a personalização dos serviços de saúde requer a adoção de estratégias que favoreçam a participação ativa do paciente no seu próprio cuidado, a integração dos sistemas de informação e a humanização do atendimento (1-5). Entre as estratégias mais frequentemente citadas na literatura, destacam-se:
- Uso de tecnologias digitais e prontuários eletrônicos integrados: Melhoram a continuidade do cuidado e permitem que profissionais de saúde acessem o histórico do paciente de forma eficiente (6-8).
- Implementação de programas de educação em saúde: Favorecem o engajamento dos pacientes e a adesão ao tratamento (9-10).
- Atendimento multidisciplinar e planos terapêuticos personalizados: Garantem um cuidado mais abrangente e adaptado às necessidades individuais (11-13).
A Tabela 1 apresenta um resumo das principais estratégias identificadas e os estudos que as abordam.
Tabela 1 – Estratégias para Personalização do Atendimento em Saúde
Estratégia | Objetivo | Estudos que mencionam |
Uso de tecnologias digitais e prontuários eletrônicos | Melhorar a integração dos dados do paciente e otimizar a tomada de decisão clínica | (6,7,8) |
Programas de educação em saúde | Incentivar o autocuidado e aumentar a adesão ao tratamento | (9,10) |
Atendimento multidisciplinar e planos terapêuticos personalizados | Assegurar que o cuidado seja individualizado e multidimensional | (11,12,13) |
Telemedicina e monitoramento remoto | Aumentar o acesso à saúde e a comodidade para pacientes com mobilidade reduzida | (14,15) |
Treinamento de profissionais em empatia e comunicação | Melhorar a relação entre pacientes e equipe de saúde | (16,17) |
Fonte: Dados da pesquisa (2024).
- Impactos da Gestão Centrada no Paciente
A implementação de modelos de gestão centrados no paciente tem demonstrado impactos positivos na qualidade da experiência dos usuários, refletindo em maior satisfação, melhor adesão ao tratamento e redução de internações desnecessárias (18-20). Os artigos analisados destacam que a humanização do atendimento e a valorização da autonomia do paciente contribuem significativamente para o fortalecimento do vínculo entre usuários e profissionais de saúde (3,5,9).
Os principais impactos relatados nos estudos foram sintetizados na Tabela 2.
Tabela 2 – Impactos da Gestão Centrada no Paciente
Impacto | Descrição | Estudos que mencionam |
Aumento da satisfação do paciente | Pacientes relataram maior confiança nos serviços de saúde quando envolvidos no seu próprio tratamento | (3,5,9) |
Maior adesão ao tratamento | Educação em saúde e comunicação eficaz reduziram taxas de abandono terapêutico | (10,12,14) |
Redução do tempo de espera e internações | Estratégias digitais e telemedicina minimizaram necessidade de consultas presenciais frequentes | (6,7,15) |
Melhoria na segurança do paciente | Uso de prontuários eletrônicos evitou erros médicos e aumentou rastreabilidade dos tratamentos | (6,8,11) |
Fonte: Dados da pesquisa (2024).
- Desafios na Implementação da Gestão Centrada no Paciente
Apesar dos benefícios evidenciados, a adoção de uma abordagem de gestão centrada no paciente ainda enfrenta desafios significativos. Os principais obstáculos identificados na literatura incluem falta de capacitação dos profissionais, resistência à mudança, dificuldades de integração tecnológica e limitações financeiras (4,8,12).
Os desafios mais recorrentes estão sintetizados na Tabela 3.
Tabela 3 – Principais Desafios na Gestão Centrada no Paciente
Desafio | Causa | Estudos que mencionam |
Resistência dos profissionais de saúde | Falta de capacitação e cultura tradicional de atendimento centrado no profissional | (4,8,12) |
Limitações na infraestrutura tecnológica | Deficiências na implementação de sistemas integrados e interoperáveis | (6,9,14) |
Falta de financiamento adequado | Recursos insuficientes para implementação de novos modelos de gestão | (10,13,15) |
Desafios na comunicação com o paciente | Dificuldade de adaptação de linguagem acessível e inclusão do paciente no processo decisório | (7,11,17) |
Fonte: Dados da pesquisa (2024).
Os achados desta revisão indicam que, para que a gestão centrada no paciente seja efetivamente implementada, é fundamental integrar múltiplas estratégias que envolvam inovação tecnológica, humanização do atendimento e capacitação profissional (1-3). A literatura revisada mostra que, apesar das iniciativas bem-sucedidas, muitos serviços de saúde ainda enfrentam desafios estruturais e organizacionais que dificultam a adoção dessas práticas de maneira ampla e sistemática (5,9,12).
A combinação de tecnologia e humanização surge como a abordagem mais eficaz para melhorar a experiência do paciente, garantindo que ele seja tratado de forma individualizada e com respeito às suas necessidades específicas. Entretanto, a superação das barreiras identificadas exige comprometimento dos gestores, políticas públicas adequadas e maior financiamento para inovação nos serviços de saúde (15-18).
A análise dos dados sugere que o caminho para a implementação bem-sucedida da gestão centrada no paciente não depende apenas da adoção de novas tecnologias, mas também de mudanças culturais e estruturais dentro das instituições de saúde. Essas mudanças devem incluir programas contínuos de capacitação, desenvolvimento de sistemas de informação eficientes e maior envolvimento dos pacientes nas decisões sobre o próprio cuidado (10,14,19).
Os resultados desta revisão demonstram que a gestão centrada no paciente é uma abordagem promissora para a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, proporcionando benefícios significativos tanto para os pacientes quanto para os profissionais envolvidos. No entanto, sua implementação ainda requer esforços substanciais para superar barreiras estruturais, financeiras e culturais.
Diante disso, reforça-se a importância de estratégias que combinem tecnologia, capacitação profissional e fortalecimento do vínculo entre paciente e equipe de saúde, de modo a garantir um atendimento mais humanizado, eficiente e centrado nas necessidades individuais dos usuários.
DISCUSSÃO
A presente revisão integrativa buscou sintetizar as evidências sobre as estratégias de gestão de serviços de saúde centradas no paciente, destacando os métodos que promovem a personalização do atendimento, os impactos positivos na experiência dos usuários e os desafios enfrentados na implementação desses modelos. Os resultados demonstraram que a integração de tecnologias digitais, a implementação de programas educativos e a oferta de atendimentos multidisciplinares configuram estratégias essenciais para a humanização do cuidado e a melhoria dos desfechos clínicos (1-3).
O uso de tecnologias digitais, exemplificado pela implementação de prontuários eletrônicos integrados e pela ampliação da telemedicina, mostrou-se fundamental para otimizar a comunicação entre profissionais e facilitar o acesso contínuo às informações do paciente. Essa estratégia não só contribui para a segurança e rastreabilidade dos tratamentos, como também propicia uma tomada de decisão mais alinhada às necessidades individuais, refletindo na redução de internações desnecessárias e no aumento da satisfação dos usuários (6-8). Tais achados corroboram estudos que associam a digitalização dos serviços de saúde à melhoria dos processos assistenciais (3,5,9).
Paralelamente, a promoção de programas de educação em saúde e o desenvolvimento de atendimentos multidisciplinares foram identificados como estratégias que fortalecem a adesão ao tratamento e incentivam o autocuidado. Essas iniciativas facilitam o empoderamento do paciente, promovendo sua participação ativa nas decisões relacionadas ao próprio cuidado, o que é essencial para a construção de uma relação de confiança entre usuários e equipe de saúde (10-12). A abordagem multidisciplinar, ao integrar diversas especialidades, contribui para a formulação de planos terapêuticos personalizados, refletindo uma melhoria na qualidade do atendimento e na experiência global do paciente (11-13).
Contudo, a transição para uma gestão centrada no paciente enfrenta desafios significativos. A resistência dos profissionais, oriunda da manutenção de uma cultura organizacional tradicional e da falta de capacitação contínua, emerge como uma barreira relevante para a implementação de práticas inovadoras (4,8,12). Além disso, limitações na infraestrutura tecnológica e a escassez de recursos financeiros restringem a adoção plena dessas estratégias, evidenciando a necessidade de investimentos robustos e de políticas públicas que incentivem a inovação nos serviços de saúde (7,11,17).
Outro aspecto crucial identificado na literatura refere-se à comunicação eficaz. A utilização de uma linguagem acessível e a promoção da participação ativa dos pacientes no processo decisório são determinantes para o sucesso das iniciativas de gestão centrada no paciente. Essa dimensão interpessoal, quando integrada aos avanços tecnológicos, pode transformar a experiência do usuário, mas requer mudanças significativas tanto na formação dos profissionais quanto na estrutura organizacional das instituições de saúde (7,11,17).
A convergência entre tecnologia e humanização se revela, portanto, como a chave para a evolução dos serviços de saúde. Os estudos revisados indicam que, embora os benefícios da gestão centrada no paciente sejam evidentes, a efetividade dessa abordagem depende da superação de barreiras estruturais, culturais e financeiras. A implementação bem-sucedida requer um esforço coordenado que envolva investimentos em infraestrutura, capacitação contínua dos profissionais e a adoção de políticas que promovam a transformação digital e a mudança de paradigma nas práticas assistenciais (15,18).
Em síntese, os resultados desta revisão evidenciam que a gestão de serviços de saúde centrada no paciente possui um potencial significativo para transformar a experiência dos usuários e melhorar os desfechos clínicos. No entanto, para que essa abordagem se consolide, é imperativo que os gestores adotem uma visão sistêmica e integrada, promovendo não apenas a inovação tecnológica, mas também a mudança cultural necessária para que os profissionais se adaptem a novas práticas. Apesar das contribuições deste estudo, há a necessidade de pesquisas futuras que explorem de forma aprofundada os modelos de governança e as estratégias de capacitação que podem facilitar a adoção dessas práticas, bem como avaliações de longo prazo dos impactos decorrentes dessa transformação nos serviços de saúde.
CONCLUSÃO
O presente estudo analisou as estratégias de gestão de serviços de saúde centradas no paciente, destacando suas contribuições para a personalização do atendimento, os impactos na experiência dos usuários e os desafios envolvidos em sua implementação. Os resultados demonstraram que modelos de gestão que priorizam a autonomia do paciente, a humanização do atendimento e o uso de tecnologias digitais são fundamentais para a melhoria dos serviços de saúde, proporcionando maior qualidade assistencial, segurança e satisfação dos usuários.
Entre as principais estratégias identificadas, destacam-se a adoção de prontuários eletrônicos integrados, programas de educação em saúde, atendimento multidisciplinar e telemedicina. Essas iniciativas favorecem a comunicação eficiente entre profissionais e pacientes, ampliam o acesso aos serviços e promovem uma assistência mais personalizada e humanizada. Além disso, verificou-se que a capacitação dos profissionais de saúde e o desenvolvimento de uma cultura organizacional focada no paciente são fatores determinantes para o sucesso dessas abordagens.
Apesar dos benefícios evidenciados, a transição para um modelo de gestão centrado no paciente ainda enfrenta desafios estruturais, culturais e financeiros. Barreiras como a resistência dos profissionais, limitações na infraestrutura tecnológica e a escassez de investimentos dificultam a adoção plena dessas práticas. Dessa forma, torna-se essencial que gestores, formuladores de políticas públicas e instituições de saúde desenvolvam estratégias coordenadas para superar esses obstáculos, garantindo que a experiência do paciente seja uma prioridade real dentro dos serviços de saúde.
Diante do exposto, conclui-se que a gestão centrada no paciente não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para a modernização e humanização dos serviços de saúde. A implementação eficaz desse modelo depende da integração entre inovação tecnológica, qualificação profissional e mudanças culturais dentro das instituições. Além disso, pesquisas futuras devem aprofundar a análise sobre o impacto dessas estratégias em diferentes contextos de saúde, avaliando a longo prazo os benefícios e desafios da sua adoção em larga escala. Dessa maneira, será possível consolidar um sistema de saúde mais eficiente, equitativo e verdadeiramente voltado para as necessidades dos pacientes.
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